Bacterianas (Gonorreia, Sífilis, Linfogranoloma venéreo)

São as Infecções provocadas por Bactérias, das quais se destacam os seguintes exemplos:

GONORREIA

A gonorreia é uma doença de transmissão sexual causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, que infecta o revestimento mucoso da uretra, do colo uterino, do recto e da garganta ou da membrana branca (conjuntiva) dos olhos. A bactéria pode propagar-se através da corrente sanguínea para outras partes do corpo, especialmente a pele e as extremidades. Nas mulheres, pode subir pelo tracto genital para infectar as membranas que se encontram dentro da bacia, causando dor pélvica e problemas reprodutivos.

Sintomas

Nos homens, os primeiros sintomas costumam aparecer de 2 a 7 dias depois da infecção. Começam com queixas ligeiras na uretra, seguidas, poucas horas depois, de uma dor fraca ou intensa ao urinar e uma secreção de pus proveniente do pénis. O homem tem uma necessidade imperiosa e frequente de urinar, que se agrava à medida que a doença se estende à parte superior da uretra. O orifício do pénis pode adoptar uma cor vermelha e inchar.

Nas mulheres, os primeiros sintomas costumam surgir entre 7 e 21 dias após a infecção. As mulheres infectadas não apresentam habitualmente sintomas durante semanas ou meses e a doença só se descobre depois de se ter diagnosticado a mesma afecção no seu parceiro masculino e ela ser examinada por ter estado em contacto com ele. Se aparecerem sintomas, costumam ser ligeiros. Contudo, algumas mulheres têm sintomas graves, como uma necessidade frequente de urinar, dor ao urinar, secreção vaginal e febre. O colo uterino, o útero, as trompas de Falópio, os ovários, a uretra e o recto podem ser infectados e provocar uma grande dor pélvica ou queixas durante o coito. O pus, que aparentemente provém da vagina, pode provir do colo do útero, da uretra ou das glândulas próximas do orifício vaginal.

As mulheres e os homens homossexuais que mantêm relações sexuais por via anal podem contrair gonorreia rectal. A doença pode causar mal-estar à volta do ânus e secreções provenientes do recto. A zona que rodeia o ânus torna-se vermelha e fica em carne viva, enquanto as fezes se cobrem de muco e pus.

O sexo oral com uma pessoa infectada pode causar gonorreia na garganta (faringite gonocócica). Em geral, a infecção não provoca sintomas, mas em certos casos produz dor de garganta e mal-estar ao engolir.

Se as secreções infetadas entrarem em contacto com os olhos, pode verificar-se uma infecção externa do olho (conjuntivite gonocócica). Os recém-nascidos podem infectar-se com gonorreia através da sua mãe no momento do parto, o que lhes provoca edema de ambas as pálpebras e uma descarga de pus proveniente dos olhos. Nos adultos costumam verificar-se os mesmos sintomas, mas em regra só um olho é infectado. Se a infecção não receber tratamento, pode originar cegueira.

A infecção vaginal nas crianças e raparigas pequenas costuma ser o resultado de um abuso sexual por parte de adultos; porém, em casos raros pode resultar da manipulação de objectos caseiros infectados. Os sintomas compreendem irritação, vermelhidão e inflamação da vulva, com secreção de pus proveniente da vagina. A jovem refere habitualmente queixas na zona vaginal ou uma sensação dolorosa ao urinar. O recto também pode ficar inflamado e as secreções podem manchar a sua roupa interior.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito de imediato ao identificar-se a bactéria (gonococo) ao microscópio. Em mais de 90 % dos homens infectados, diagnostica-se através de uma amostra da secreção uretral. Contudo, este diagnóstico só se consegue fazer em 60 % das mulheres infectadas utilizando uma amostra da secreção cervical. Se não se descobrem bactérias ao microscópio, esta secreção é enviada ao laboratório para a sua cultura.

Se o médico suspeitar de que existe uma infecção da garganta ou do recto, colhem-se amostras dessas zonas para efectuar uma cultura. Apesar de não existir uma análise de sangue para detectar a gonorreia, é possível colher uma amostra de sangue para diagnosticar se a pessoa também tem sífilis ou uma infecção causada pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH). Algumas pessoas têm mais de uma doença de transmissão sexual.

Tratamento

A gonorreia trata-se habitualmente com antibióticos.

Se os sintomas recorrem ou persistem no final do tratamento, podem colher-se amostras para cultura no laboratório, com o fim de se certificar de que o doente está curado. Nos homens, os sintomas de uretrite podem reaparecer, causando uma doença chamada uretrite pós-gonocócica. É quase sempre provocada por outros microrganismos que não respondem ao tratamento e ocorre particularmente em doentes que não cumprem o esquema de tratamento.

(In http://www.manualmerck.net/?id=215&cn=1830&ss=)

SÍFILIS

A sífilis é uma doença de transmissão sexual causada pela bactéria Treponema pallidum. Esta bactéria penetra no organismo através das membranas mucosas, como as da vagina ou da boca, ou então através da pele. Horas depois chega aos gânglios linfáticos e em seguida propaga-se por todo o organismo através do sangue. A sífilis também pode infectar um feto durante a gravidez, causando defeitos congénitos ou outros problemas.

O número de afectados com sífilis atingiu o seu ponto máximo durante a Segunda Guerra Mundial, para depois cair de forma espectacular até à década de 60, quando os índices começaram a subir novamente. Durante este período, um grande número de casos de sífilis surgiu entre homens homossexuais. Essas taxas permaneceram relativamente estáveis até meados da década de 80, porque, devido à epidemia de SIDA e à prática de sexo seguro, a incidência entre eles decresceu. Como consequência, o número geral de pessoas com sífilis também diminuiu. No entanto, esta redução foi seguida por um rápido incremento de casos entre consumidores de cocaína, principalmente entre as mulheres ou os seus filhos recém-nascidos. Recentemente, os programas de controlo voltaram a reduzir a incidência em alguns países desenvolvidos.

Uma pessoa que tenha sido curada de sífilis não fica imune e pode voltar a infectar-se.

Sintomas

Os sintomas costumam começar de 1 a 13 semanas depois do contágio; a média é de 3 a 4 semanas. A infecção com Treponema pallidum passa por vários estádios: o primário, o secundário, o latente e o terciário. A infecção pode durar muitos anos e raramente provoca lesões cardíacas, cerebrais ou a morte.

Estádio primário - aparece uma ferida ou úlcera indolor (sifiloma, também designado por cancro) no local da infecção, geralmente sobre o pénis, a vulva ou a vagina. O cancro também pode aparecer no ânus, no recto, nos lábios, na língua, na garganta, no colo uterino, nos dedos ou, raramente, noutras partes do corpo. Em regra, manifesta-se uma única ferida, mas por vezes podem ser várias.

O sifiloma começa como uma pequena zona vermelha saliente que em breve se converte numa ferida aberta (úlcera), porém continua a ser indolor. A ferida não sangra, mas ao tocar-lhe liberta-se um líquido claro altamente infecioso. Como a lesão causa tão poucos sintomas, é habitualmente ignorada. Cerca de metade das mulheres infectadas e um terço dos homens infectados não sabem que a têm. Costuma curar em 3 a 12 semanas, depois do que o indivíduo afectado parece encontrar-se perfeitamente bem.

Estádio secundário - inicia-se com uma erupção cutânea, que costuma aparecer de 6 a 12 semanas após a infecção. Cerca de 25 % dos infectados ainda têm uma ferida que está a sarar durante esta fase. Aquela erupção pode durar pouco tempo ou então prolongar-se durante meses. Mesmo que a pessoa não receba tratamento, habitualmente desaparece. No entanto, pode aparecer de novo semanas ou meses mais tarde. Neste estádio secundário, são frequentes as úlceras na boca que afectam mais de 80 % dos doentes. Outros sintomas incluem sensação de mal-estar (indisposição), perda de apetite, náuseas, vómitos, fadiga, febre e anemia.

Estádio latente - Uma vez que a pessoa recuperou do estádio secundário, a doença entra num estádio latente em que não se verificam sintomas. Esta etapa pode durar anos ou décadas ou durante o resto da vida. Durante a primeira parte do estádio latente, por vezes as úlceras recidivam.

Estádio terciário - Durante esta etapa, a sífilis não é contagiosa. Os sintomas oscilam entre ligeiros e devastadores. Podem aparecer três tipos principais de sintomas: sífilis terciária benigna, sífilis cardiovascular e neurossífilis.

Diagnóstico

O médico suspeita de que uma pessoa tem sífilis a partir dos seus sintomas. O diagnóstico definitivo baseia-se nos resultados das análises laboratoriais e no exame objetivo.

Tratamento e prognóstico

Dado que as pessoas com sífilis nos estádios primário e secundário transmitem a infecção, devem evitar o contacto sexual até que elas e os seus parceiros sexuais tenham completado o tratamento. No caso da sífilis no estádio primário, todas as pessoas com quem tenham mantido relações sexuais nos três meses anteriores correm perigo.

Com a sífilis no estádio secundário, todos os parceiros sexuais do último ano podem ter-se contagiado. Estas pessoas precisam de ser controladas com uma análise de pesquisa de anticorpos e, se o resultado for positivo, devem receber tratamento.

O tratamento é em geral com antibiótico (penicilina).

As pessoas com sífilis nos estádios latente ou terciário devem ser examinadas com intervalos regulares uma vez acabado o tratamento. Os resultados das análises aos anticorpos costumam ser positivos durante muitos anos, por vezes durante toda a vida. Isso não indica que exista uma nova infecção. Também se efectuam outros exames para verificar se não existem novas infecções.

Depois do tratamento, o prognóstico para os estádios primário, secundário e latente da sífilis é excelente. Porém o prognóstico é mau nos casos da sífilis terciária que afecte o cérebro ou o coração, já que as lesões existentes são, em geral, irreversíveis.

(In http://www.manualmerck.net/?id=215&cn=1828&ss=)

LINFOGRANULOMA VENÉREO

O linfogranuloma venéreo é uma doença de transmissão sexual causada por Chlamydia trachomatis, uma bactéria de crescimento intracelular.

O linfogranuloma venéreo é causado por variedades de Chlamydia trachomatis diferentes das que provocam inflamação da uretra (uretrite) e do colo (cervicite). Ocorre geralmente nas zonas tropicais e subtropicais.

Sintomas e diagnóstico

Os sintomas começam aproximadamente de 3 a 12 dias após a infecção. No pénis ou na vagina aparece uma pequena bolha indolor cheia de líquido. Em geral, esta converte-se numa úlcera que cura rapidamente e costuma passar despercebida. Mais tarde, os gânglios linfáticos da virilha de um ou de ambos os lados podem aumentar de volume e tornar-se sensíveis ao tacto. A pele que cobre a zona infectada adquire uma temperatura mais elevada e torna-se avermelhada. Se não se tratar, podem aparecer orifícios (fístulas) na pele que os cobre. Estes orifícios descarregam pus ou líquido sanguinolento e geralmente curam-se, mas podem deixar uma cicatriz e recorrer. Outros sintomas incluem febre, mal-estar, dor de cabeça e das articulações, falta de apetite e vómitos, dor de costas e uma infecção do recto que produz secreções purulentas manchadas de sangue.

O médico suspeita desta doença baseando-se nos seus sintomas característicos. O diagnóstico pode ser confirmado mediante uma análise de sangue que identifique anticorpos contra a Chlamydia trachomatis.

Tratamento

Se for começado no início da doença, o tratamento com antibióticos produz uma cura rápida. Posteriormente, o médico deve confirmar regularmente que a infecção está curada. Além disso, faz-se o possível por identificar todos os parceiros sexuais da pessoa infectada para que também sejam examinados e tratados.

(In http://www.manualmerck.net/?id=215&cn=1834&ss=)